terça-feira, 31 de maio de 2011

um sonho perto do abismo .

Sempre fui uma criança que nunca sonhou ser médica, enfermeira, bombeira, não sonhei ter um carro da Barbie nem super poderes como as Navegantes da Lua.  Não quis ser veterinária e muito menos polícia... Os anos foram passando e a pergunta "O que queres ser quando fores grande?" era sempre uma arrelia para mim, pois nunca conseguia responder de forma objectiva. Lembro-me de preencher vezes sem conta os questionários de apresentação no início de cada ano lectivo e nunca saber o que escrever na resposta àquela pergunta... Os anos foram passando e chegou a hora de tomar uma das decisões mais importantes da minha vida. O impasse era enorme e a indecisão ainda maior. Escolhi... Escolhi as ciências e não me arrependo de nada. Já passaram dois anos e estou prestes a colapsar. O sonho que fui criando ao longo deste tempo está a milímetro de cair no abismo. O traje negro e a cartola roxa estão cada vez mais longe e a desilusão aumenta abruptamente... A frustração domina todo o meu coração e o sentimento de derrota invade-me a cada dia que passa. São horas e horas compenetrada em livros de elevado conhecimento científico, são noites sem dormir sob a enorme angústia que chegará após mais um teste, são resultados que não são obtidos, são objectivos inalcançados... São manhãs em que acordo com uma enorme vontade de desistir, são os dias que passo em busca de motivos para continuar, são aulas que perco concentrada em temas que um dia talvez não me sirvam para nada. São electrões de valência, são nucleótidos, são sucessões, é metamorfismo e leis do movimento. É Eça de Queirós e Karl Popper... Para quê tudo isto? Para quê chegar a casa e esquecer o mundo lá fora para entrar no mundo da ciência quando um conjunto de números decidirá o meu futuro, aquele que ambiciono há dois anos e está longe de ser alcançado... Para quê encher as paredes de diplomas quando aquele que mais ambiciono dificilmente será preenchido. Ambiciono aquele em que diria Mestre em Ciências Farmacêuticas e cada vez o vejo mais longe. Ambiciono vestir-me de negro, erguer a cartola e elevar as fitas roxas... Quero abrir o computador, ligar-me à internet e pesquisar o nº do meu BI, quero encontrar um "Colocada : ) " na primeira opção. Quero ser caloira de Coimbra, a terra do estudante, quero olhar para trás e ver que o secundário valeu a pena. Quero poder, um dia, agradecer àqueles que me acompanharam durante estes anos o facto de estar de bata branca rodeada de paracetamol ou ibuprofeno. Quero fabricar a cápsula que irá curar a gripe da minha mãe ou do meu pai, quero tratar a Aspirina e o Aerius por tu... Estou prestes a desabar sobre um sonho que cada vez se torna mais difícil de concretizar... Quero ver o meu esforço reconhecido... 
Eu prometo que se um dia estiver num laboratório com pipetas e balões volumétricos prepararei uma solução homogénea. Tudo aquilo que se atravessou no meu caminho será dissolvido pelo meu empenho, pela minha persistência, pelo meu esforço e trabalho. A vareta que ajudará na dissolução simbolizará todos aqueles que me ajudaram e continuam a ajudar na luta por este sonho. Obterei uma solução cor verde, é o verde da esperança, da pouca esperança que ainda me resta.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

amar (te) é a minha lei .

Não veio num cavalo branco. Não me fez uma serenata à janela. Não vinha vestido com indumentárias reais. Nada daquilo que existe nas histórias de encantar foi preciso para que, no momento mais inesperado, se tornasse num príncipe encantado. Não era loiro, nem tinha olhos azuis (não que considere este perfil o ideal)... Não me enviou cartas de amor, não disse em frente dos amigos que me ia conquistar...
Subtilmente, aproximou-se, pediu, carinhosamente, licença para entrar... Segurou a minha mão e abriu-me o coração. O olhar profundo invadiu-me e as dóceis palavras fizeram-me brilhar. Naquele momento havia ganho uma estrela, uma estrelinha que me iria acompanhar sempre. O nome dele ficou tatuado na história da minha vida e não há cirurgia que permita a sua remoção.
Não veio num cavalo branco, mas é, sem dúvida alguma, o meu príncipe .


[sempre e para sempre, 28.03.2010]

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Um minuto de orgulho .

Estava sentada na cadeira vermelha, bastante confortável por sinal, quando, sob toda uma excitação própria das crianças em momentos de euforia, ouço o anúncio da entrega de prémios. Os ânimos acalmaram e aquele microfone entoa a voz da directora.
"Ensino Secundário. Texto Livre." As minhas pernas tremiam, sentia o coração aos saltos... Quando, de repente, ela retoma as palavras e anuncia "Primeiro prémio... Rafaela Silva, 11ºA3"... Levantei-me e desci as escadas do imenso auditório, cumprimentei aqueles que, carinhosamente, me davam os parabéns. Subi ao palco e recebi o tal diploma junto com um papel dourado embrulhando dois livros. De repente, os flashs dispararam e eu ainda tremia. Tinha borboletas na barriga. Tinha ganho e ainda não estava consciente disso.
Foi um prémio ganho graças àqueles que todos os dias me incentivaram a continuar a escrever. Aqueles que leram as minhas míseras palavras, aqueles que me deram um abraço e me pediram para concorrer. Aqueles que nunca me rebaixaram. Aqueles que olham para mim e ainda têm algum orgulho naquilo que sou capaz de fazer.
Obrigado a todos. Este prémio é de todos vós, também.