"O que é que se passa contigo?"
Ora essa, que pergunta mais ridícula. Como é que alguém tem o desplante de perguntar tal coisa. Então não era de saber a resposta mesmo que eu nada dissesse? Está tudo bem. Está sempre tudo bem.
Mas será que não percebem que está tudo bem?! Irra, como já diziam os antigos "tristezas não pagam dívidas".
Na verdade, não é fácil. Na verdade, o sorriso dói. Dói mais que uma ferida aberta que só o tempo há-de curar. Maior do que a dor de um sorriso num momento de angústia, é a dor de um sorriso fingido. Dói ter de fingir e fazer com que toda a gente acredite na minha mais ilustre convicção - está sempre tudo bem.
Pensamentos obscuros, sonhos traiçoeiros, palavras não ditas, sentimentos não demonstrados, lágrimas aprisionadas, enfim... Dói, dói muito reter todas estas peripécias que me degradam a cada dia que passa. Cada lágrima que não expulso corrói-me o coração.
Dói-me o coração. Dói-me a alma.
Sinto-me cada vez menor, mas a dor, essa, teima em aumentar... de forma alucinante !