terça-feira, 23 de agosto de 2011

avó, minha querida avó,

sei que nunca foi amante destas novas tecnologias, mas a verdade é que foi a única forma que arranjei de lhe falar. desde que partiu que não tem sido fácil. eu sei, avó, já foi há muito muito tempo, no entanto continuo a sentir um vazio enorme que nada nem ninguém o consegue preencher... sabe avó, sonhei consigo. fiquei triste, quando acordei. não passou de um sonho, mas era tão real. ó avó, partiu sem me ver realizada. partiu sem me ver vestir de negro (lembra-se? dizia que ia ser doutora), partiu sem que eu a pudesse levar a passear, partiu sem me ver subir ao altar... partiu, simplesmente, de um momento para o outro e deixou me aqui. tenho saudades suas, avó. ontem falei na sua casa, já não existe agora. quer dizer, está cheia de modernices. lembro-me de ser bem novinha e subir as escadas de pedra. não são muitas as memórias que tenho de lá, mas continuo a ter saudades. avó, partiu sem conhecer uma pessoa muito importante. não me deixou apresentar-lha. é boa pessoa avó, eu estou bem entregue. eu sei que está a acompanhar tudo, mas queria tanto que cá estivesse, avó. dou por mim a pensar em si, mesmo depois de todo este tempo. passaram mais de quatro anos e ainda não consigo lidar bem com tudo isto. mas peço-lhe, avó, para me prometer que não conta a ninguém. são coisas do meu coração, se é que me entende. às vezes ainda penso que é tudo mentira e que quando chegar a casa, vai estar ali ou acolá. mas, infelizmente, nunca fui de viver muito tempo no mundo da lua. e, rapidamente, me apercebo que afinal é mesmo verdade, você partiu. 
bem avó, agora só espero que esteja bem, onde quer que esteja. eu prometo que fico bem e que não faço asneiras (já tenho saudades de lhe pregar umas belas partidas). e um dia, um dia eu apresento-lhe a tal pessoa especial.

um grande beijinho, avó, minha querida avó !

a sua menina.

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