entrei , olhando em redor, interpretando a solidão compenetrada nas paredes deslavadas. fechei a porta ao mundo grosseiro que nos domina. sentei-me sobre a colcha delicadamente decorada e deixei cair toda a minha existência sobre a imensidão de tecido. os raios solares tentavam a todo o custo invadir o meu espaço. contornavam os mais diversos obstáculos e chegavam sempre até mim. toda aquela luminosidade me assustava. era quente e não me deixava ver com clareza. os meus olhos resistiam-lhes impedindo-me de ver o que quer que fosse através daquela luz. talvez estejam cansados. provavelmente, também eu estou cansada de olhar apenas à minha volta e não para mim. com o decorrer do tempo, o Sol foi desaparecendo no horizonte, a noite começou a cair. eu permanecia ali sozinha. sufocava com cada uma das inspirações. expirava fortemente, na tentativa de expulsar todos os tormentos. por cada tentativa falhada sentia-me fraca, submissa, até mesmo atroz... continuava assim, perdida na solidão do mísero quarto que todas as noites me recebe... continuo a voltar lá, nunca sendo capaz de alcançar aquilo que quero.
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