segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Querido Pai Natal, #3

Provavelmente estás surpreendido ao receber uma carta logo após o dia de Natal. Sei que não é nada usual os meninos e meninas enviarem-te cartas a agradecer (ou não) os presentes que fizeste questão de lhes deixar no sapatinho. Eu própria nunca o fiz, nem mesmo em criança (falta de educação esta atitude de pedir e não agradecer)... No entanto, este ano é diferente. 
Ó Pai Natal eu estou tão triste contigo. Fiz um esforço (na verdade não foi assim tão difícil) para não te pedir nada que fosse muito dispendioso. Não te pedi roupa nem calçado, e muito menos bens materiais desnecessários. Limitei-me a pedir-te aquilo que deve existir em todas as famílias sem ser preciso implorar. Pedi-te amor, carinho, paz e harmonia. Pedi-te uma noite de consoada feliz. Na verdade eu tive essa tal noite de Natal, ou melhor, tive caldeirada e carne assada e claro uma mesa recheada de doçaria incluindo a tradicional aletria, as rabanadas e o leite creme. Todavia faltaram os sorrisos espontâneos e genuínos. Faltou a paz e harmonia que tanto te pedi. Pai Natal, faltou o verdadeiro espírito natalício e eu vi-me assombrada por uma enorme sentimento de impotência, pois nada podia fazer para contrariar tal realidade. 
Querido Pai Natal, porque é que não te lembraste de mim este ano ?

Um beijinho e até para o ano,
RS

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

missing

gira que gira.
roda que roda.
anseio o passado. coisa estranha.
receio o futuro.
tic-tac. o tempo continua a passar.
onde estás tu?
procuro. desespero. revolto-me.
grito.
já passou. terei aproveitado?
é passado e não volta.
por mais que doa.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Querido Pai Natal, #2

Nem queria acreditar quando olhei o calendário e percebi que tinha passado quase um ano desde a última vez que te escrevi.
Na verdade, os meus pedidos não variam muito, por mais que isso me entristeça e me derrube... 
Este ano, peço-te que coloques no meu sapatinho força para que eu consiga lutar contra todas estas adversidades. Peço-te coragem para enfrentar estes longos meses que se avizinham. Peço-te, ainda, destreza para limpar todas as lágrimas que teimam em escapar-se dos meus olhos. Peço-te que, de uma vez por todas, aqueças o coração de todos nós e com isso tragas a paz, a harmonia e a serenidade de que tanto careço. Querido Pai Natal, em troca dos meus pedidos, eu prometo não desistir de ser feliz, prometo continuar a lutar pelos meus objectivos sem que nada me derrote.
Querido Pai Natal, não te esqueças de mim na noite de consoada e faz com que eu possa ter Natal. 

Um Beijinho,
RS

terça-feira, 22 de novembro de 2011

definição de amor .

Ao ouvir o pedido para escrever a minha definição de amor, estranhei. Ou talvez não, afinal é comum pedirem-nos para definir tudo aquilo que não tem uma definição simples e objectiva que podemos encontrar rapidamente, consultando um dicionário. Para mim amor não é aquele conjunto de palavras bonitas a que estamos habituados. Amor, uma palavra de tão forte simbolismo, não podia ser algo de muito simples e concreto. Não vou dizer que não gosto das definições (se é que lhe podemos chamar assim) que circulam na internet, que nos entopem as caixas de entrada dos e-mails ou até mesmo aqueles textos bonitos de autores famosos. Mas a verdade é que muitas das vezes as palavras que as consistem são demasiado caras e incompreensíveis para aquilo que é, para mim, realmente o amor
Amor não se resume a ramos de rosas vermelhas ou almofadas em forma de coração, no Dia dos Namorados. Amor não se resume a plaquinhas a dizer "Adoro-te Mãe" que oferecemos todos os anos no dia da mãe. Amor não se resume a medalhas de "Melhor Pai do Mundo". 
A minha mãe carregou-me no ventre durante nove meses, tem uma cicatriz enorme resultante da cesariana, passou horas na sala de espera do consultório quando eu estava doente; a minha mãe levou-me à escola e assistiu a imensas reuniões. Isto é amor… A minha mãe ralha comigo quando não a ajudo, faz-me chorar desesperadamente com medo de a perder; a minha mãe soube dar-me um estalo quando fiz asneiras, ensinou-me muito do que sei hoje. Isto é amor… 
O  meu pai levou-me aos jogos de futebol; o meu pai defende-me quando o mundo se vira contra mim; o meu pai é capaz de deixar a carne no prato para que eu a possa comer. Isto é amor
Os meus pais discutem, ficam sem se falar, não se olham, mas isto... Isto é amor
Discuto frequentemente com a minha irmã (quem não discute com os irmãos...), mas é amor... Ela passou noites e noites a dar-me a chupeta, ela partilhou o quarto e a cama comigo. Isto é amor… A minha irmã levou-me aos ensaios; a minha irmã levou-me ao cinema e ao teatro; a minha irmã ajudou-me com os trabalhos de casa. Isto é amor...
Amo o meu sobrinho, mesmo que nunca lhe tenha dito. Adormeci-o quando ninguém o conseguia fazer, acalmei-o quando acordava assustado, vesti-lhe o equipamento e calcei-lhe as chuteiras antes dos jogos, ia aos treinos com ele mesmo debaixo de chuva, estava presente na bancada a ver o primeiro golo dele. Ajudei-o com os trabalhos de casa, estive com ele no primeiro dia de aulas no Colégio. Puxou-me os cabelos e deu-me pontapés. Desatei aos gritos com ele e dei-lhe uma sapatada quando mereceu. Isto é amor
Os meus amigos sabem sempre quando não estou bem, não se esquecem do meu aniversário e estão comigo nos momentos de glória. Os meus amigos discutem comigo e fazem-me ver o caminho certo. Os meus amigos choram lado a lado comigo e fazem-me sorrir para a vida. Os meus amigos explicam-me a matéria mesmo que seja no minuto anterior ao teste e é a eles que recorro em busca de ajuda. Isto é amor… 
Para mim, amor é o apoio incondicional do meu namorado. Amor são as mensagens de "bom dia" e os "beijinhos de boa noite", amor são os abraços sentidos. Amor é ligar-lhe e saber que mesmo que não atenda ele vai ligar de volta, amor é poder chorar sabendo que ele me vai limpar as lágrimas e de seguida vou conseguir sorrir. Amor é saber que ele é o meu pilar. Amor é confiar-lhe todos os meus fracassos, os meus medos, as minhas angústias. Amor são os olhares cruzados no silêncio mais constrangedor. Amor é gritar com ele e chatear-me quando algo não está bem. Amor é sentir que ele está comigo, estejamos próximos ou distantes. Ensinou-me a ver a vida doutra maneira, faz-me pensar quando estou errada e explica-me quando não compreendo. Isto é amor
Como se pode concluir, após estas palavras, não consigo definir amor através dumas palavras bonitas e frases feitas. Esta é a minha definição de amor e foi construída com memórias do que vivi ao longo destes 17 anos. Quero acreditar que daqui a uns anos a minha definição estará mais completa, pois as demonstrações de amor não ficarão por aqui. Amor é, por isso, aquilo que nós sentimos como amor. E agora eu digo que, na minha vida, o amor está presente todos os dias e apresenta-se com várias caras e revela-se de formas distintas. 


(em prol da disciplina de EMRC)

domingo, 13 de novembro de 2011

passo a passo percorro a terra alcatroada.
é uma estrada sem fim.
o seu negrume penetra-me os olhos e desorienta-me.
rodeada de seres ruidosos, deixo-me cair.
rebolo ao ritmo do impetuoso vento.
plebeia me sinto e plebeia me sentirei.
falho, quebrando promessas.
efémera permanecerei.
definham-me, assim, de forma avassaladora.
é medo. é cansaço. sou eu.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

torpor

corre-me o sangue pelos vasos pouco dilatados.
por vezes torna-se complicada a sua passagem. 
os batimentos cardíacos descompassados, 
não descrevendo arritmias, 
fazem-me temer o mundo lá fora. 
olho e volto a olhar em meu redor. 
a terra continua a girar. 
gira...gira...gira... 
e o tic-tac persiste, tornando-se ensurdecedor.
grito de forma estridente, mas teimam em não me ouvir.
estará o mundo num estão tão caótico?!
estarão aqueles seres, 
a quem continuam a chamar de pessoas, 
sob uma apatia tão profunda?!
estou aqui. 
vivo assim.
prisioneira de um pudor inexplicável.

domingo, 30 de outubro de 2011

fail .

Todos os dias acordo com o vibrar ténue do telemóvel. Custa deixar o quentinho dos lençóis para enfrentar a brisa gélida que se faz sentir, logo pela manhã. Custa, ainda mais, dar de caras com uma realidade que magoa. Dia após dia, falho, volto a falhar e falho novamente. Falho contigo, falho comigo, falho com todos. Já nem contigo consigo ser capaz de não falhar. Talvez um dia eu consiga encontrar o verdadeiro sentido de tudo isto. És tu que me guias e ao mesmo tempo existem tantos outros caminhos que me tentam desviar para o abismo. Sinto-me a cair a cada dia que passa. Caí ontem, caí hoje, mas espero, sinceramente, não cair amanhã... Sei que estarás lá para me erguer. Sei que quando estiver perdida, tu vais emitir um sinal que me faça encontrar a saída do labirinto. Tu estás sempre lá, sempre. Por mais que te maltrate, por mais que te insulte, tu ficas sempre comigo. Eu sei que é por amor, mas serei eu merecedora de tanto?! Eu só te peço mais uma oportunidade. Só mais uma, no meio das imensas que já me deste. Só mais uma, por favor. Eu prometo que vou tentar. Eu vou tentar não ceder, mesmo quando as pernas me falham e quando já não tenho forças para mais. Vou continuar a chorar no refúgio mais escondido que encontrar. Vou ser capaz de esconder as lágrimas e sorrir para a vida. Vou conquistar-te de novo, dia após dia, vou conquistar o mundo, vou ser capaz de gritar bem alto que, desta vez, não falhei, nem vou voltar a falhar. Não posso falhar de novo, não tenho esse direito, mas eu sei que, se falhar, tu estarás lá novamente, como outrora estiveste.
Contigo sei que estarei sã e salva, contigo o meu coração deixa de doer e as angústias irão desaparecer. Contigo sou feliz e serei para todo o sempre.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

frases soltas.

penso, penso e volto a pensar.
bato com a cabeça na parede, em sentido figurado claro.
a minha sanidade esgota-se a cada momento.
rodopio em jeito de dançar.
falho sempre o ritmo da música. 
o compasso já acabou e ainda não consegui ler a primeira nota.
caio sobre a calçada gélida e sinto o escorrer da chuva grosseira.
arrasto-me pelas pedras disformes sem nunca chegar ao fim.
sou um conjunto de números e letras sem sentido.
as frases soltas que escrevo de nada valem face aos pensamentos reprovadores e aos olhares alheios.
um dia, talvez, conquiste o mundo, com um simples olhar. 

domingo, 23 de outubro de 2011

come back, please .

volta, por favor! soluço, sustenho a respiração, as lágrimas teimam em cair. dói-me a alma. tu pareces incapaz de perceber. não te exijo conhecimentos científicos abundantes, aliás, nunca precisaste deles para me entenderes. o meu olhar falava-te ao coração e dizia-te mais que eu própria. o meu vocabulário escasseia a cada conversa. teimas em não perceber. porra, Rafaela, já não consegues ter um discurso coerente?! serei eu, ou serás tu? serás tu que perdeste a capacidade de me compreender? serás tu que partiste para longe e levaste contigo tudo aquilo que me pertencia? volta e volta ao que eras. conquista-me todos os dias como conquistaste no primeiro dia. tenho vontade de te gritar bem alto, mas a voz falha-me constantemente. a coragem é sumida pela dor de alma que me assombra. volta. quando voltares, serei capaz, não de te gritar, mas de te sussurrar que te amo. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

o primeiro dia. o último ano.

tic-tac (...)
tic-tac (...)
(...)
os ponteiros do relógio faziam-se ouvir. eram sete horas em ponto e o despertador toca. o sono ainda era evidente e os olhos teimavam em não abrir. o coração apertava também. estava na hora de deixar o quentinho da cama e vestir as calças de ganga e a camisola. a manhã estava fria. era tempo de rumar ao colégio e entrar no primeiro dia do último ano. olhando para trás vê-se um percurso. todo um caminho percorrido. já chorei muito, também já ri. sofri... tive momentos de glória. já caí, mas também subi ao palco. para trás fica uma vida e este é o derradeiro ano. venha ele. fui muito feliz, mas está na hora de acabar. é o último e será muito bom, farei por isso. um dia, talvez, terei saudades. quero acreditar que daqui a nove meses, sentirei, apenas, nostalgia.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

(re) viver

Ainda me lembro das conversas via msn. Não havia dia em que não falássemos, nem que fosse a tradicional conversa "olá, tudo bem?". Recordo, emocionada, os imensos kb que o teu nome ocupava no meu computador. Foram dias , semanas, meses a fio, partilhando contigo todas as minhas histórias, o meu dia-a-dia. Partilhava as minhas lágrimas e os meus sorrisos, os meus medos, as minhas frustrações, partilhava o meu eu contigo. Eras o meu maior refúgio. Ansiava o final da tarde para te poder falar. Sabia que estarias lá, à minha espera, estavas lá por mim e para mim. Não me julgavas, apenas me fazias ter noção da realidade. Eras tu que me apoiavas diariamente, eras tu quem me conseguia fazer sorrir, mesmo quando ninguém o conseguia. Lembro-me do número infindável de mensagens que foram trocadas naqueles primeiros dias. Fazias-me feliz, mesmo à distância. As tuas mensagens de bom dia faziam com que eu acordasse com vontade de viver mais um dia. Os teus beijinhos de boa noite permitiam com que adormecesse tranquilamente. Já não vivias sem mim e eu não vivia sem ti. As minhas pernas tremiam, sentia borboletas na barriga, cada vez que te aproximavas. O teu olhar penetrava-me o coração. Lembro-me da primeira vez em que te sentaste ao meu lado. Tremi. Senti qualquer coisa inexplicável. Estava completamente confusa. Era difícil perceber-me a mim própria. Abraçaste-me. Acolheste-me na tua vida, dando-me a mão, erguendo-me de novo. Há dias em que penso exaustivamente em tudo o que já passou. Confesso que tenho saudades desses tempos. Foram mágicos. E é essa magia que continua presente nestes tempos. Vivia para ti e tu vivias para mim. Usamos uns pó'zinhos de prlim-pim-pim e fizemos da magia uma realidade. Eu era tua e tu eras meu. Foi assim, outrora, e sempre será .

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

letter.

aos que gostam de mim ou, pelo menos, um dia sentiram carinho por mim.

o rosto pálido, a escuridão que me envolve os olhos, a frieza dos meus actos, o cabelo despenteado, os braços caídos e a falta de força nas pernas retratam tudo aquilo que sou. é desilusão aquilo que o espelho reflecte. são anos e anos de sonhos destruídos. são revoltas acumuladas e um cansaço inerente a toda uma vida. por mais que feche os olhos e tente encontrar algo diferente, o peso que carrego é demasiado grande. as forças vão-se esgotando e torna-se cada vez mais complicado continuar o caminho carregando tudo aquilo que acumulo. não sou o que todos ambicionavam que fosse. não sou um génio, nem a princesa. não sou a fada do lar. não corto metas em primeiro lugar, nem marco golos decisivos. as olimpíadas não fazem parte da minha vida. a incapacidade de estampar uma nova realidade é evidente. dói, mas não sou capaz. não consigo corresponder às vossas expectativas.

obrigada pelos votos de confiança. 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

avó, minha querida avó,

sei que nunca foi amante destas novas tecnologias, mas a verdade é que foi a única forma que arranjei de lhe falar. desde que partiu que não tem sido fácil. eu sei, avó, já foi há muito muito tempo, no entanto continuo a sentir um vazio enorme que nada nem ninguém o consegue preencher... sabe avó, sonhei consigo. fiquei triste, quando acordei. não passou de um sonho, mas era tão real. ó avó, partiu sem me ver realizada. partiu sem me ver vestir de negro (lembra-se? dizia que ia ser doutora), partiu sem que eu a pudesse levar a passear, partiu sem me ver subir ao altar... partiu, simplesmente, de um momento para o outro e deixou me aqui. tenho saudades suas, avó. ontem falei na sua casa, já não existe agora. quer dizer, está cheia de modernices. lembro-me de ser bem novinha e subir as escadas de pedra. não são muitas as memórias que tenho de lá, mas continuo a ter saudades. avó, partiu sem conhecer uma pessoa muito importante. não me deixou apresentar-lha. é boa pessoa avó, eu estou bem entregue. eu sei que está a acompanhar tudo, mas queria tanto que cá estivesse, avó. dou por mim a pensar em si, mesmo depois de todo este tempo. passaram mais de quatro anos e ainda não consigo lidar bem com tudo isto. mas peço-lhe, avó, para me prometer que não conta a ninguém. são coisas do meu coração, se é que me entende. às vezes ainda penso que é tudo mentira e que quando chegar a casa, vai estar ali ou acolá. mas, infelizmente, nunca fui de viver muito tempo no mundo da lua. e, rapidamente, me apercebo que afinal é mesmo verdade, você partiu. 
bem avó, agora só espero que esteja bem, onde quer que esteja. eu prometo que fico bem e que não faço asneiras (já tenho saudades de lhe pregar umas belas partidas). e um dia, um dia eu apresento-lhe a tal pessoa especial.

um grande beijinho, avó, minha querida avó !

a sua menina.

domingo, 14 de agosto de 2011

meu pequeno anjo,

vi-te logo no dia em que te deste a conhecer ao mundo. olhei para ti enroscado nas roupas amarelas. logo, ali, sob o ar assustador do hospital, tu despertaste em mim um enorme orgulho. já gostava de ti. mal sabia eu que, posteriormente, todo o orgulho que sentia por ti se ia converter numa ligeira mágoa. meu anjinho, eu gostava de ti, gostava de quando sorrias bem alto e contagiavas o mundo. gostava de ti quando corrias livremente pelo jardim, caías e te levantavas afirmando a tua valentia. gostava de ti quando eras atraiçoado pelas palavras difíceis dos adultos. gostava de ti quando dormias como um anjo e me acordavas carinhosamente. mas sabes, sinto mágoa. todavia, gosto de ti quando me insultas. gosto de ti quando finges não me conhecer. gosto de ti quando me rebaixas. gosto de ti quando me pontapeias. gosto de ti quando me maltratas e quando me gritas. gosto de ti mesmo que nunca tenhas corrido para os meus braços, mesmo que nunca me tenhas dado um beijo só porque sim. gosto de ti mesmo que nunca me tenhas expressado num desenho e mesmo que mal te lembres de mim. afinal de contas, o meu coração abriu-se para ti no dia em que nasceste e por mais que me doa, por mais que me faças chorar, eu continuo a gostar de ti. 
venha o que vier, faças o que fizeres, aconteça o que acontecer, doendo ou não : vou gostar de ti para sempre !

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

liness

entrei , olhando em redor, interpretando a solidão compenetrada nas paredes deslavadas. fechei a porta ao mundo grosseiro que nos domina. sentei-me sobre a colcha delicadamente decorada e deixei cair toda a minha existência sobre a imensidão de tecido. os raios solares tentavam a todo o custo invadir o meu espaço. contornavam os mais diversos obstáculos e chegavam sempre até mim. toda aquela luminosidade me assustava. era quente e não me deixava ver com clareza. os meus olhos resistiam-lhes impedindo-me de ver o que quer que fosse através daquela luz. talvez estejam cansados. provavelmente, também eu estou cansada de olhar apenas à minha volta e não para mim. com o decorrer do tempo, o Sol foi desaparecendo no horizonte, a noite começou a cair. eu permanecia ali sozinha. sufocava com cada uma das inspirações. expirava fortemente, na tentativa de expulsar todos os tormentos. por cada tentativa falhada sentia-me fraca, submissa, até mesmo atroz... continuava assim, perdida na solidão do mísero quarto que todas as noites me recebe... continuo a voltar lá, nunca sendo capaz de alcançar aquilo que quero.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

awesome.

não sei bem o que sinto. muito menos aquilo que penso. a capacidade de desenhar o futuro sem rabiscar torna-se cada vez mais inatingível. é a dor do medo. é a incompreensão do que aí vem. é o receio da distância.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

apologise

é uma ferida que demora a curar. o coração chora e a alma sofre. o medo invade. não é cansaço. já não é cansaço. é o medo de perder. não de perder um objecto. de perder alguém. de perder sentimentos. é a frustração pela incapacidade de cumprir promessas. a falta de talento para mostrar o quanto te amo. amo-te e amar-te-ei sempre !

terça-feira, 14 de junho de 2011

[reticências]

é o cansaço. é a desilusão. é o medo. é a frustração. é o desânimo. não encontro a saída, deste labirinto sem fim. está escuro lá fora. ou talvez não. é apenas a minha visão traiçoeira. são os meus medos que me impedem de ver a luz. são as minhas pernas frágeis que já não querem andar. é o abismo que se aproxima. e o receio de falhar é um lobo mau que todos os dias se alimenta da pouca força que ainda me resta. resta-me apenas acreditar que sou capaz, i hope so !

quinta-feira, 9 de junho de 2011

nostalgia

acabou e deixou tatuagens. tatuagens para a vida. o cansaço invade-me. a frustração domina-me. a alma dói-me. as lágrimas transpõem-me o olhar infinito. a batida cardíaca atenua-se drasticamente. não é medo. não é saudade. são recordações míticas. acabou com o cansaço dominante. até já.

terça-feira, 31 de maio de 2011

um sonho perto do abismo .

Sempre fui uma criança que nunca sonhou ser médica, enfermeira, bombeira, não sonhei ter um carro da Barbie nem super poderes como as Navegantes da Lua.  Não quis ser veterinária e muito menos polícia... Os anos foram passando e a pergunta "O que queres ser quando fores grande?" era sempre uma arrelia para mim, pois nunca conseguia responder de forma objectiva. Lembro-me de preencher vezes sem conta os questionários de apresentação no início de cada ano lectivo e nunca saber o que escrever na resposta àquela pergunta... Os anos foram passando e chegou a hora de tomar uma das decisões mais importantes da minha vida. O impasse era enorme e a indecisão ainda maior. Escolhi... Escolhi as ciências e não me arrependo de nada. Já passaram dois anos e estou prestes a colapsar. O sonho que fui criando ao longo deste tempo está a milímetro de cair no abismo. O traje negro e a cartola roxa estão cada vez mais longe e a desilusão aumenta abruptamente... A frustração domina todo o meu coração e o sentimento de derrota invade-me a cada dia que passa. São horas e horas compenetrada em livros de elevado conhecimento científico, são noites sem dormir sob a enorme angústia que chegará após mais um teste, são resultados que não são obtidos, são objectivos inalcançados... São manhãs em que acordo com uma enorme vontade de desistir, são os dias que passo em busca de motivos para continuar, são aulas que perco concentrada em temas que um dia talvez não me sirvam para nada. São electrões de valência, são nucleótidos, são sucessões, é metamorfismo e leis do movimento. É Eça de Queirós e Karl Popper... Para quê tudo isto? Para quê chegar a casa e esquecer o mundo lá fora para entrar no mundo da ciência quando um conjunto de números decidirá o meu futuro, aquele que ambiciono há dois anos e está longe de ser alcançado... Para quê encher as paredes de diplomas quando aquele que mais ambiciono dificilmente será preenchido. Ambiciono aquele em que diria Mestre em Ciências Farmacêuticas e cada vez o vejo mais longe. Ambiciono vestir-me de negro, erguer a cartola e elevar as fitas roxas... Quero abrir o computador, ligar-me à internet e pesquisar o nº do meu BI, quero encontrar um "Colocada : ) " na primeira opção. Quero ser caloira de Coimbra, a terra do estudante, quero olhar para trás e ver que o secundário valeu a pena. Quero poder, um dia, agradecer àqueles que me acompanharam durante estes anos o facto de estar de bata branca rodeada de paracetamol ou ibuprofeno. Quero fabricar a cápsula que irá curar a gripe da minha mãe ou do meu pai, quero tratar a Aspirina e o Aerius por tu... Estou prestes a desabar sobre um sonho que cada vez se torna mais difícil de concretizar... Quero ver o meu esforço reconhecido... 
Eu prometo que se um dia estiver num laboratório com pipetas e balões volumétricos prepararei uma solução homogénea. Tudo aquilo que se atravessou no meu caminho será dissolvido pelo meu empenho, pela minha persistência, pelo meu esforço e trabalho. A vareta que ajudará na dissolução simbolizará todos aqueles que me ajudaram e continuam a ajudar na luta por este sonho. Obterei uma solução cor verde, é o verde da esperança, da pouca esperança que ainda me resta.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

amar (te) é a minha lei .

Não veio num cavalo branco. Não me fez uma serenata à janela. Não vinha vestido com indumentárias reais. Nada daquilo que existe nas histórias de encantar foi preciso para que, no momento mais inesperado, se tornasse num príncipe encantado. Não era loiro, nem tinha olhos azuis (não que considere este perfil o ideal)... Não me enviou cartas de amor, não disse em frente dos amigos que me ia conquistar...
Subtilmente, aproximou-se, pediu, carinhosamente, licença para entrar... Segurou a minha mão e abriu-me o coração. O olhar profundo invadiu-me e as dóceis palavras fizeram-me brilhar. Naquele momento havia ganho uma estrela, uma estrelinha que me iria acompanhar sempre. O nome dele ficou tatuado na história da minha vida e não há cirurgia que permita a sua remoção.
Não veio num cavalo branco, mas é, sem dúvida alguma, o meu príncipe .


[sempre e para sempre, 28.03.2010]

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Um minuto de orgulho .

Estava sentada na cadeira vermelha, bastante confortável por sinal, quando, sob toda uma excitação própria das crianças em momentos de euforia, ouço o anúncio da entrega de prémios. Os ânimos acalmaram e aquele microfone entoa a voz da directora.
"Ensino Secundário. Texto Livre." As minhas pernas tremiam, sentia o coração aos saltos... Quando, de repente, ela retoma as palavras e anuncia "Primeiro prémio... Rafaela Silva, 11ºA3"... Levantei-me e desci as escadas do imenso auditório, cumprimentei aqueles que, carinhosamente, me davam os parabéns. Subi ao palco e recebi o tal diploma junto com um papel dourado embrulhando dois livros. De repente, os flashs dispararam e eu ainda tremia. Tinha borboletas na barriga. Tinha ganho e ainda não estava consciente disso.
Foi um prémio ganho graças àqueles que todos os dias me incentivaram a continuar a escrever. Aqueles que leram as minhas míseras palavras, aqueles que me deram um abraço e me pediram para concorrer. Aqueles que nunca me rebaixaram. Aqueles que olham para mim e ainda têm algum orgulho naquilo que sou capaz de fazer.
Obrigado a todos. Este prémio é de todos vós, também.

sábado, 16 de abril de 2011

Obrigada !

O grito assustado despertou o pânico e ao mesmo tempo a frieza. Liguei o 112 e implorei uma ambulância. Ele tinha caído e o sangue escorria-lhe, fazendo-o perder a esperança de continuar a viver. Naquele momento, despediu-se de nós, disse-nos que gostava de nós e afirmou que partia, que nos deixaria... Ouço de imediato a sirene da ambulância, acreditei que eles o salvariam, mas o estado dele assustava-me. Impediram-me de estar perto dele, pois as lágrimas de desespero invadiram-me impiedosamente. Ouvia-a chorar desesperadamente. Estávamos ambas em pânico e só pensávamos naquilo que lhe poderia acontecer. Era o meu pai. Estava coberto de sangue e a sofrer. Imobilizaram-no e vi-o ali, deitado numa maca, a entrar numa ambulância. Era o meu pai que estava ali. Tive tanto medo de o perder. Mas eu sabia, lá no fundo, que um anjinho o tinha protegido e que ele ia voltar. As lágrimas teimavam em cair e o coração estava apertado. O nó na garganta impedia-me de falar. A ambulância partiu. Levava o meu pai. No hospital estava a minha irmã, preparada para longas horas de angústia ao lado dele em busca de trazer boas notícias. Sentei-me no sofá e não mais saí de lá. Agarrei-me ao telemóvel e esperei ansiosamente pelo telefonema dela. O telemóvel vibrou, corri para ele, apenas dizia que estava consciente e ia fazer exames. Foi uma tarde de tormento. Era o meu pai. Apesar de tudo, era o meu pai e eu precisava muito dele. À partida, não seria nada de grave, tendo em conta o sucedido. O anjinho esteve lá e protegeu-o. Eram duas horas da madrugada. Acordo sobressaltada com o telemóvel a tocar. Era a minha irmã. "Vamos buscar o pai", ouvi do outro lado. Julguei estar a sonhar. Mas não, levantei-me e chamei a mãe. Fomos, na noite gélida, buscá-lo aquele sítio tumultuoso. De repente, olho e vejo-o a caminhar vagarosamente. Senti um enorme aperto no peito. Nunca o tinha visto assim. Estava tão debilitado... A noite foi calma, contudo nem o sono me deixou dormir. Estava aflita e não me conseguia abstrair do momento em que o vi sentado no chão expelindo sangue como uma fonte de água. No dia seguinte, as dores permaneciam, metemo-nos no carro e rumámos a outro hospital. Entrei lado a lado com ele. Ganhei força e coragem, cresci naquele momento e acompanhei-o em todos os corredores daquele imenso hospital. Olhava para ele e sentia vontade de chorar, mas de imediato sentia algo que me encorajava de novo. O cansaço era muito, mas a vontade de o ver melhor era maior e não permitiu que eu desistisse. Lutei contra o cansaço e contra a fome. Aliás, a certa altura deixei de sentir o que quer que fosse. Ansiava que a porta do gabinete se abrisse e me dissessem que ele estava bem. Vagueei dum lado para o outro. Olhei o relógio vezes sem conta. Pedi a Deus que o ajudasse naquele momento. Implorei ao anjinho da guarda que o protegesse.  A porta abriu. Aproximei-me a medo e ouvi-a dizer que o meu pai estava bem. Vi-o a sorrir e com melhor aspecto. Deu-me vontade de chorar, mas tinha de manter a postura. Saímos do gabinete. Estava aliviada, tinha tratado bem dele e eu tinha conseguido aguentar todas aquelas horas. Alguém me disse "isso é que foi crescer"... Eu sei, naquele momento não havia espaço nem tempo para ter medos, receios, fome ou dores nas pernas. Era o meu pai e precisava de mim. Sinto que fiz o máximo que podia e continuo  fazer todos os dias, cada vez que o vejo deitado naquela cama. Cada vez que tenho de ralhar com ele. Cada vez que o obrigo a estar quieto. Cada vez que lhe dou um Brufen para as dores... 
Obrigada meu Deus, meu anjo da guarda, obrigada por teres deixado o meu pai perto de todos nós. Obrigada por o teres protegido das más energias e dando-lhe força para que lutasse contra as adversidades da queda. Obrigada meu anjo da guarda, por permitires que a cada dia que passa eu possa continuar a olhar o meu pai. 
Obrigada !

sábado, 5 de março de 2011

Até um dia...

Recordo a madrugada fria de Novembro em que recebemos a notícia que ele tinha partido. Partiu sem se despedir e deixou-te desamparada, sozinha naquela gélida casa... Lembro-me de te acolhermos, lembro-me de te dar a minha cama e dormir noites a fio, mesmo que desconfortável, no estreito sofá que tinha de partilhar com a minha irmã como se da nossa cama se tratasse. Lembro-me das noites em que dormi ao teu lado, no chão duro do quarto, como se me protegesses das tempestades, dos medos, do escuro que nos assombrava durante a noite... 
Lembro-me das traquinices características das crianças que te fazia... Lembro-me de correr com um sorriso nos lábios só para fazer troça de ti... Não podias acompanhar-me pois o cansaço já não to permitia... As tuas rugas transmitiam o cansaço; os teus olhos a dor que te ia no coração, mas ao mesmo tempo a felicidade de nos teres contigo; os teus cabelos brancos, quase sempre escondidos pelo lenço negro que fazias questão de usar, transmitiam-me a tua sabedoria... Recordo todos os dias em que regressava a casa e te tinha à minha espera, mesmo que mal te falasse... Recordo todas as discussões que tivemos, todas as vezes em que te falei mal, recordo tudo aquilo que proferi de maneira rude... Arrependo-me, pois eu gostava de ti e nunca to disse. Nunca te disse "obrigada", nunca te dei um abraço, nunca te disse "amo-te avó", nunca fui capaz de sorrir e dizer o quão importante eras para mim... Lembro-me de ter querido ensinar-te a ler e a escrever, lembro-me de me teres ensinado a jogar cartas (mesmo que depois eu fizesse batota para ganhar), lembro-me das inúmeras vezes que me entrançaste o cabelo... 
Lembro-me agora do dia em que te vi na cama pois sentias-te fraca. Lembro-me de saber que tinhas ido ao hospital e ter ficado com muito medo de te perder. Lembro-me de te dar a medicação e não conseguir ver as melhoras. Lembro-me de te encontrar caída no chão quando já era Deus a chamar-te para Ele. Lembro-me de te ouvir gritar pois a dor era insuportável. Lembro-me de chegar a casa e já não estares ali, tinhas ido e não sabia quando irias regressar. Lembro-me daquela quarta-feira  em que me disseram que estavas mal... Não podia esperar mais e fui a correr ter contigo. Subi aquele hospital com um enorme medo do que iria encontrar. Não conseguia imaginar-te deitada naquelas camas sem cor, naqueles quartos com um calor artificial que não te deixariam respirar o ar puro da nossa casa. Entrei a medo e vi-te. Os teus olhos brilharam quando nos viste entrar, afinal de contas éramos as tuas meninas. Aproximámo-nos e falamos-te. Renasceste naquele momento e parecias a pessoa mais saudável do mundo. Naquele momento julguei que no dia seguinte iria trazer-te comigo para casa, para te poder ver sorrir novamente...Já era tarde e tínhamos de regressar para casa, custava-me deixar-te ali no meio do desconhecido, mas tinha de ser e sabia que estavas bem entregue. Prometi-te que voltava no dia seguinte e disse-te "até amanhã". Lembro-me de quando estava a sair me chamaste e pediste um beijo. Apreensiva satisfiz o teu desejo. Lembro-me de sorrires e de sair do quarto. Deixei-te naquele dia com a esperança de te voltar a ter. Deus atraiçoou-me. Levou-te para junto dele. Eu sei, eu sei que estiveste à minha espera para poderes partir. Aquele beijo que nunca outrora havias pedido, foi um adeus, um adeus dito da melhor forma. O telefone tocou. A mãe foi atendê-lo. Tinhas ido. Partiste... Foste para o Céu... Os anjos estavam a preparar tudo para te acolherem no seu mundo... Deus levou-te de mim e deu-me uma estrelinha. És tu... És tu a estrela mais brilhante que todas as noites, mesmo com o céu encoberto, me deseja boa noite. És tu que me guias e não me deixas perder a força de viver...
Tenho saudades tuas, tenho pena que não estejas comigo neste momento. Oh avó, eu estou tão feliz. Nós estamos todos muito felizes e sentimos muito a tua falta. Oh avó, meu anjo da guarda, porque partiste tão cedo? Eu sei que estavas cansada deste mundo, que já tinhas vivido muito, mas eu ainda precisava de ti, ainda tinhas tanto para ver. Avó, eu prometo que um dia serei doutora. Irei casar com um bom rapaz e ter filhos lindos como o nosso menino. Ele está grande e é um bom menino. Avó, eu prometo que tu estejas onde estiveres, te vais orgulhar muito de nós, tal como te orgulhavas quando partilhavas a vida connosco.
Avó, um dia irei ter contigo e dir-te-ei o quanto te amo.
Peço-te que continues a proteger-me, a guiar-me e a iluminar-me nos momentos menos bons. 
Obrigada, meu anjo da guarda.

Até um dia,

a tua menina.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

11 meses de pura felicidade .

Passaram 11 meses, passaram 337 dias, passaram 8088 horas, passaram 485280 minutos, passaram 29116800 segundos... Passaram sobretudo um número incalculável de momentos vividos em comum...
Olho para trás e vejo todo um caminho percorrido lado a lado. Vejo um sentimento crescente a cada segundo que passa. Vejo alguém que me ajudou a sair do fundo, a escalar as mais íngremes montanhas, alguém que me deu a mão e me abraçou. Vejo alguém que me fez sorrir e brilhar de novo...
Recordo agora, emocionada, aquele primeiro olhar profundo, o primeiro sorriso, o primeiro abraço, o primeiro beijo... Recordo o dia em que dei, apreensiva, a chave do meu coração. Abriste-o, entraste e voltaste a fechar. A chave ? Não a encontro, nem tenciono encontrar. Não pretendo que o meu coração se abra enquanto tu estiveres lá dentro. Preciso de ti para sorrir, preciso de ti para enxugares a mais pequena lágrima, preciso que me faças caminhar sobre as nuvens, preciso que me ajudes a alcançar o céu, preciso que me dês a mão e percorras comigo o meu caminho, a minha vida.
"Amo-te" é uma simples palavra composta por 5 letras e um hífen. Dizê-la é das coisas que mais prazer me dá, sobretudo, sabendo que o receptor és tu. 
Juntos estamos a escrever um livro. O livro da nossa vida em comum. Será um livro onde as palavras formarão frases e as frases parágrafos. O nosso discurso será coerente e não possuirá sinais de pontuação. As pausas não existem na nossa narrativa, os sentimentos são expressos pelas palavras e os diálogos são introduzidos pelos mais belos sorrisos. Não preciso de vírgulas ou pontos finais, muito menos de reticências e pontos de exclamação. Só nós iremos perceber o enredo e tenho a certeza que, tal como nos contos de fadas, inicia com "Era uma vez" e irá terminar com "E viveram felizes para sempre"... 
"Obrigada" e "desculpa" é aquilo que te digo. Obrigada por estares comigo nos meus sonhos, nos meus pensamentos, nas minhas falhas, nos meus objectivos, obrigada por me obrigares a parar quando erro, obrigada por me dares importância quando a mereço, obrigada por, simplesmente, me ajudares a viver... Desculpa pelos actos menos bons, desculpa pela possível ausência, desculpa pelos dias em que não consigo ser aquilo que mereces...
Obrigada por um dia teres entrado na minha vida. 
Amar-te é, sem dúvida alguma, a minha lei...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mas afinal o que é que realmente importa?

Estamos, hoje em dia, perante uma sociedade repleta de miudagem cuja forma como lidam com a vida, no verdadeiro sentido da palavra, é, de certo modo, assustadora, mas, por outro lado, é algo de que já todos deveríamos estar à espera. Ao longo dos tempos, evolui a ciência, evolui a tecnologia, evolui a mentalidade de cada um... Possuímos, agora, carros topo de gama, telemóvel multi-funcionais, máquinas substituas de pessoas... Descobrem-se novas vacinas, inventam-se novos mecanismos salva-vidas, investiga-se sobre mutações, enfim, luta-se pelo alcance de uma melhor qualidade de vida. Mas, agora, pergunto se teremos jovens com uma melhor mentalidade... Terá a forma de pensar evoluído da mesma forma positiva que evoluíram os carros ou os microscópios?
Pois bem, deparo-me, todos os dias, com jovens adolescentes, na flor da idade, a autodestruirem-se com pensamentos capazes de arruinar toda uma vida. Falo de exigências, de opções de vida... Cada vez mais a nossa sociedade se torna mais consumista e os jovens são os que mais provam este facto. Mais importante do que um amigo, um verdadeiro amigo disposto a ajudar nos bons e nos maus momentos, é um amigo que usa a camisola mais cara, as calças da moda, as sapatilhas importadas ou telemóvel de última geração... É esta forma de estar na vida que me aterroriza e me faz pensar naquilo que será o futuro destes seres tão facilmente persuadidos.
Se pensarmos bem, antes tudo era possível à mesma. Nos tempos dos nossos pais ou avós, tudo tinha mais vida... Se ofereciam a uma criança um lápis ou um cadernos, era a melhor coisa do Mundo; se podiam ir à escola, era um privilégio e, aqueles que não podiam sentiam uma dor muito grande que, ainda hoje,  transmitem... Quantas vezes não ouvimos os mais idosos dizerem "Quem me dera saber ler e escrever...!", exprimindo uma enorme tristeza no olhar... E nos dias de hoje? Confrontamo-nos  com montes de canalha que apenas anda na escola a "passear os livros", dando prejuízo aos pais e não valorizando, minimamente, aquilo que lhes é ensinado. É de lamentar a falta de empenho e interesse com que a maioria dos jovens de hoje encara a vida académica.
Em suma, concluo que, actualmente, o mais importante é o lema "aproveitar a vida enquanto se pode", o que, por vezes, não é feito da melhor forma. Aproveitar a vida não é fazer dela uma festa, é saber ser livre, é estar pronto para ultrapassar os obstáculos, é saber ser responsável, é aprender para poder ensinar... Sinceramente, julgo que à maioria dos nossos jovens fala tudo isto, falta, sobretudo, saber viver...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Lágrimas de orgulho .

18 de Dezembro de 2000. O mundo desabava naquela casa. Uma estalada revelava a dor sentida ao deparar-se com aquela tão inesperada realidade. Aquele espelho daquele provador tinha sido o culpado de tamanha revelação. Porquê? Não conseguia entender toda aquela reviravolta, não percebia o girar do mundo de forma tão descoordenada. Era um bebé. Era um bebé que se preparava para chegar. Era um bebé que estava a causar todo o sofrimento, o desgosto, toda aquela desilusão, aquela mágoa... A menos de um mês ele ia deparar-se com uma realidade que ainda ninguém tinha aceite ou compreendido. Tinha apenas seis anos, era uma menina que tinha acabado de entrar para a escola primária. Não tinha bem a noção do que aí vinha. Não estava preparada para ganhar o título de "tia". Mas a verdade é que daqui a uns dias isso ia acontecer, mesmo sem ter pedido, ou sem estar na altura tida como ideal. Lembro-me de todas as lágrimas perdidas nesta casa, de todas as palavras de revolta, de todas as promessas sem sentido, de toda a dor que se fazia sentir em todos os olhares. Felizmente, uma onda de apoio, carinho e amizade se fez sentir e impediu que tudo se desse como perdido.
Recordo, agora, aquela madrugada fria de Janeiro. Ela estava a sofrer. Aquele ser fazia-se sentir e estava na hora de conhecer um novo mundo.
8 de Janeiro de 2001. Nasceu. Aquele menino não desejado nasceu. Era tão lindo. Tão perfeito. Era um milagre, um verdadeiro milagre! Lembro-me de sentir o calor dele nos meus braços e de ouvir dizer "Chama-se Guilherme!". Sorri. Não sei bem porquê, talvez porque era o que melhor sabia fazer no meio da inocência de criança. Os três meses seguintes foram um verdadeiro tormento. Aquele pequeno milagre tinha causado alguns distúrbios. Mas, numa tarde de Março, o Sol brilhou e tudo mudou. O menino era agora amado, desejado e querido por todos incluindo a tal pessoa que tão magoada estava. 
Cresceu, cresceu, cresceu e cresceu... Foi um menino que veio ao Mundo para que todos se orgulhassem dele. É uma dádiva de Deus, é o nosso menino.
Tenho o maior orgulho de um dia lhe ter pegado ao colo, de o ter visto dormir como um verdadeiro anjo, de lhe ter dado a mão e levado a passear. Tenho o maior orgulho em ouvi-lo chamar por mim. Temos todos o maior orgulho neste menino tão verdadeiro, tão puro, tão genuíno... Aquilo que um dia tinha sido visto como um verdadeiro tremor de terra, tornou-se na maior fonte de alegrias e orgulho. 
Passou uma década e continua a iluminar os nossos dias com um sorriso que lhe é próprio. 
É a minha irmã, é o meu sobrinho, é o meu cunhado. São uma família da qual sinto orgulho e sentirei sempre. Todas as pedras que lhes apareceram no caminho não os impediram de prosseguir no caminho da Vida, tendo força para as guardar e construir o castelo que hoje faz deles aquilo que são.